Westworld: existencialismo e humanismo

Ford e Bernard

Diálogo entre dois personagens da série Westworld (se liga porque vem spoiler aí, e é muito), entre o criador do parque e um anfitrião [isto é, um androide programado para interpretar um determinado personagem e encenar sempre a mesma história a fim de entreter um humano que compra ingresso de um certo parque cujo tema é um mundo real do faroeste de mentira].

– Sempre atento com a natureza humana! Me pergunto... o que sente de verdade. Afinal no momento está numa posição única. Um programador que conhece intimamente como as máquinas funcionam e uma máquina que sabe sua verdadeira natureza.

– Eu compreendo do que sou feito, como fui programado. Mas eu não entendo as coisas que eu sinto. Elas são reais? Todas as coisas que eu vivi, minha esposa, a perda do meu filho...

– Todo anfitrião precisa de um histórico, Bernard. Você sabe disso. O ego é uma ficção. Para anfitriões e para humanos também. É uma historinha que nós contamos. E toda história precisa de um começo. Seu sofrimento imaginário torna você verossímil. 

– Verossímil... e não vivo? A dor só existe na minha mente. É sempre imaginária. Então qual é a diferença entre a minha dor e a sua? Entre eu e você?

– Essa foi a exata pergunta que consumiu Arnold. Encheu-o de culpa. E finalmente o enlouqueceu. A resposta sempre me pareceu óbvia. Não há fronteira que nos torna maior que a soma de nossas partes, nenhum ponto de inflexão a partir do qual somos vivos. Não definimos consciência, porque consciência não existe. Os humanos imaginam que há algo especial no jeito que percebemos o mundo, porém vivemos em rotinas restritas e tão fechadas como a dos anfitriões. Raramente questionamos nossas escolhas, contentes na maioria das vezes em obedecer ao que se fazer em seguida. Não, meu amigo! Você não está perdendo nada!

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