Obsolescência programada, eles ganham a corrida antes mesmo da largada [Serge Latouche]




"Já em 1950, Victor Lebow, um analista de mercado americano, entendeu a lógica consumista. Ele escreveu: "Nossa economia, imensamente produtiva, exige que façamos do consumo nosso estilo de vida [...]. Precisamos que nossos objetos se consumam, se queimem e sejam substituídos e jogados fora numa taxa continuamente crescente". Com a obsolescência programada, a sociedade de crescimento possui a arma absoluta do consumismo. Em prazos cada vez mais curtos, os aparelhos e equipamentos, das lâmpadas elétricas aos pares de óculos, entram em pane devido à falha intencional de um elemento. Impossível encontrar uma peça de reposição ou alguém que conserte. Se conseguíssemos pôr a mão na ave rara, custaria mais caro consertá-la do que comprar uma nova (sendo esta hoje fabricada a preço de banana pelo trabalho escravo do sudeste asiático). Assim é que montanhas de computadores se juntam a televisores, geladeiras, lava-louças, leitores de DVD e telefones celulares abarrotando lixos e locais de descarte com diversos riscos de poluição: 150 milhões de computadores são transportados todos os anos para depósitos de sucata do Terceiro Mundo (500 navios por mês para a Nigéria!), apesar de conterem metais pesados e tóxicos (mercúrio, níquel, cádmio, arsênico e chumbo)".


LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Editora WMP, Martins Fontes, 2009, p. 21-22.

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