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História social de Roma no fim da república [Géza Alfödi]
A crise desencadeada na sociedade romana pela transformação
acelerada das estruturas sociais ocorrida após a segunda guerra púnica atingiu
em meados do século II a.C. uma fase em que se tornava inevitável a eclosão de
conflitos declarados. A agudização das contradições no seio da organização
social romana, por um lado e, por outro, as fraquezas cada vez mais evidentes
do sistema de governo republicano tiveram como resultado uma súbita eclosão das
lutas sociais e políticas. A história dos últimos cem anos da República, desde
o despoletar da primeira revolta de escravos na Sicília em 135 a.C. e o
primeiro tribunato de Tibério Graco, em 133, até ao fim das guerras civis no
ano 30 a.C., foi constantemente ensombrada por repetidos conflitos cada vez
mais exacerbados, brutais e sangrentos. Por essa razão, este período de cerca
de 100 anos da história de Roma é designado, de uma maneira geral, por “período
da revolução”, em que o conceito de revolução é aplicado por alguns
especialistas a diferentes fenômenos e diferentes fases do conflito. É evidente
que o conceito de revolução não pode ser aplicado no mesmo sentido que o é na
história moderna após a Revolução Inglesa e em especial após a Revolução
Francesa, pois os movimentos sociais e políticos dos últimos tempos da
República não se propunham alterar pela força a ordem social vigente, nem foi
esse o seu efeito. Além disso, esses movimentos eram tão diferenciados, quer na
sua essência, quer nos factos, nos protagonistas e, obviamente, nas suas consequências,
que só em escassa medida podem ser reduzidos a um único conceito. A fim de
evitarmos uma interpretação deturpada deste conceito de revolução, é preferível
adoptar a designação de “crise política e social da República, que se
manifestou em conflitos declarados e violentos”, em vez da designação
“revolução romana”.
ALFÖDY,
Géza. A história social de Roma.
Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 81-82.
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