A escola e o tempo do capitalismo industrial [E.P. Thompson]
“Havia outra instituição não industrial que podia ser
usada para inculcar o ‘uso-econômico-do-tempo’: a escola. Clayton reclamava que
as ruas de Manchester viviam cheias de ‘crianças vadias esfarrapadas; que estão
não só desperdiçando o seu tempo, mas também aprendendo hábitos de jogo’ etc.
Ele elogiava as escolas de caridade por ensinarem o trabalho, a frugalidade, a
ordem e a regularidade: ‘os estudantes ali são obrigados a levantar cedo e a
observar as horas com grande pontualidade’. Ao advogar, em 1770, que as
crianças pobres fossem enviadas com quatro anos aos asilos de pobres, onde
seriam empregadas nas manufaturas e teriam duas horas de aula por dia, William
Temple foi explícito sobre a influência socializadora do processo:
“É considerável a utilidade de estarem constantemente
empregadas, de algum modo, pelo menos durante doze horas por dia, ganhando o
seu sustento ou não; pois, por esse meio, esperamos que a nova geração fique
tão acostumada com o trabalho constante que ele acabe por se revelar uma ocupação
agradável e divertida para eles [...]”
Em 1772, Powell também via a educação como um
treinamento para adquirir o ‘hábito do trabalho’; quando a criança atingir os
seis ou sete anos, devia estar ‘habituada, para não dizer familiarizada, com o
trabalho e a fadiga’”.
THOMPSON, E.P. Tempo, disciplina de trabalho e o
capitalismo industrial. In:______. Costumes em comum. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998, p. 292.
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