Hora do angelus e que cansaço!

Sinto-me sem expressão
Deve ser isso que se refletiu nos meus escritos
Eles praticamente inexistiram nesses últimos dias
Se hoje escrevo é que de tão cansada não consigo ler os textos acadêmicos
E a superstição do Angelus não me deixa dormir nessa hora
Os anjos podem dizer amém

Sinto-me esgotada fisicamente
Talvez seja essa a cultura atual
Cansar-se, não é bem vindo o ócio, nele não há produtividade
Silenciar-se, amargar-se, tornar-se um ser operante, nada mais
Bater-se o ponto da assiduidade, já que há a necessidade...

Há um outro eu lá fora
Aqui ele incomoda, é preciso contê-lo, no vir, no dito
No estar, com quem se é visto, que interação tenho e se apareço

Dentro da sala a constância dos dias
Com os olhos à frente e as mãos digitando
Infindáveis papéis que já nem sei mais
Não há especificações nesse amontoado de repetições

É um cansaço ao modo Álvaro de Campos
É uma busca incansável do descanso
Queria meu corpo mais forte, não me entregar
Mas são muitas as horas no mesmo lugar
É um marasmo de tanto se cansar...

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