A morte: tudo o que é sólido se desmancha no ar
“Logo depois de terminado este livro, meu filho bem-amado,
Marc, de cinco anos, foi tirado de mim. A ele eu dedico “Tudo o que é sólido
desmancha no ar”. Sua vida e sua morte trazem muitas das ideias e temas do
livro para bem perto: no mundo moderno, aqueles que são mais felizes na tranquilidade
doméstica, como ele era, talvez sejam os mais vulneráveis aos demônios que
assediam esse mundo; a rotina diária dos parques e bicicletas, das compras, do
comer e limpar-se, dos abraços e beijos costumeiros, talvez não seja apenas
infinitamente bela e festiva, mas também infinitamente frágil e precária;
manter essa vida exige talvez esforços desesperados e heróicos, e às vezes
podemos. Ivan Karamazov diz que, acima de tudo o mais, a morte de uma criança
lhe dá ganas de devolver ao universo o seu bilhete de entrada. Mas ele não o
faz. Ele continua a lutar e a amar; ele continua a continuar”.
BERMAN, Marshall. Tudo
o que é sólido se desmancha no ar: uma aventura na modernidade. Trad.
Carlos Moisés e Ana Maria Ioriatti. São Paulo: Editora Schwarcz, 1986, p. 14.
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