Imposturas políticas de Mario Vargas Llosa
Eu estou tendo orgasmos femininos, múltiplos,
pirotécnicos e com estrelinhas ao ver a treta entre Vargas Llosa pai e Vargas
Llosa filho no Peru. Resumo o furdunço mal e porcamente porque sei que no
Brasil praticamente ninguém presta atenção aos vizinhos.
Como vocês sabem, há mais de 30 anos Vargas Llosa nos martela as cabeças com a ladainha de que capitalismo é igual a democracia, que criar leis que limitem a iniciativa privada é "populismo autoritário", que tudo deve ser deixado com a mão invisível do mercado porque aí a democracia floresce e etecétera e tal. É o liberal clássico que convenientemente se esquece de que todas as potências capitalistas se constituíram através de políticas protecionistas, só defendendo o laissez-faire uma vez que já estão em posição de força superior.
Pois bem, o Peru tem dois grandes grupos de mídia, El Comercio e La República, aquele atualmente mais oposicionista, este atualmente mais governista. A eleição passada opôs Ollanta Humala, populista nacionalista de raízes militares agora convertido ao lulismo moderado, à Fujimori filha. Como Vargas Llosa detesta os Fujimori ainda mais do que ele detesta o "populismo" nacionalista, ele foi obrigado a engolir seco e apoiar Humala. Esse apoio foi facilitado pela recente conversão de Humala, já que Vargas Llosa acredita que existe uma esquerda "do bem", lulista, e uma esquerda "do mal", chavista. Com isso, ele teve que transferir sua coluna, que sempre saiu em El Comercio, para o jornal La República. Tudo bem, acontece.
Flash forward para 2014 e o grupo El Comercio acaba de comprar o Epensa, o que torna El Comercio dono de quase 80% da mídia do país. Ou seja, a "mão invisível" da "livre iniciativa" que Vargas Llosa defende há 30 anos agora coloca 4/5 do mercado informativo peruano nas mãos de um único grupo, que calha de ser o grupo CONTRA o qual Vargas Llosa milita no momento. E o que faz o liberal que sempre defendeu laissez-faire? Um doce para quem descobrir. Age coerentemente e diz "bola pra frente pois o mercado assim decidiu"? Claro que não!
Ora, é claro que o liberal corre para o colo do Estado pedindo ajuda com o argumento, que ele sempre desprezou, de que “Ningún país democrático digno acepta concentración de prensa” (http://bit.ly/1aBINn6). Uai, seu Vargas Llosa, mas o livre mercado não cuidava dessas coisas?
Vargas Llosa AGORA descobriu que se deixarmos a bagaça com o "livre mercado" (que de livre não tem nada, claro), formam-se um ou dois oligopólios que silenciam o resto. Ou seja, descobriu que mente há 30 anos!
A turminha do livre mercado é sempre a mesma: defendem a mão invisível até que os silenciados sejam eles, até que quem esteja em apuros sejam eles. Aí vêm todos com o mesmo "help, Titio Estado!" Não falha nunca. Nunca encontrei um contra-exemplo.
Como vocês sabem, há mais de 30 anos Vargas Llosa nos martela as cabeças com a ladainha de que capitalismo é igual a democracia, que criar leis que limitem a iniciativa privada é "populismo autoritário", que tudo deve ser deixado com a mão invisível do mercado porque aí a democracia floresce e etecétera e tal. É o liberal clássico que convenientemente se esquece de que todas as potências capitalistas se constituíram através de políticas protecionistas, só defendendo o laissez-faire uma vez que já estão em posição de força superior.
Pois bem, o Peru tem dois grandes grupos de mídia, El Comercio e La República, aquele atualmente mais oposicionista, este atualmente mais governista. A eleição passada opôs Ollanta Humala, populista nacionalista de raízes militares agora convertido ao lulismo moderado, à Fujimori filha. Como Vargas Llosa detesta os Fujimori ainda mais do que ele detesta o "populismo" nacionalista, ele foi obrigado a engolir seco e apoiar Humala. Esse apoio foi facilitado pela recente conversão de Humala, já que Vargas Llosa acredita que existe uma esquerda "do bem", lulista, e uma esquerda "do mal", chavista. Com isso, ele teve que transferir sua coluna, que sempre saiu em El Comercio, para o jornal La República. Tudo bem, acontece.
Flash forward para 2014 e o grupo El Comercio acaba de comprar o Epensa, o que torna El Comercio dono de quase 80% da mídia do país. Ou seja, a "mão invisível" da "livre iniciativa" que Vargas Llosa defende há 30 anos agora coloca 4/5 do mercado informativo peruano nas mãos de um único grupo, que calha de ser o grupo CONTRA o qual Vargas Llosa milita no momento. E o que faz o liberal que sempre defendeu laissez-faire? Um doce para quem descobrir. Age coerentemente e diz "bola pra frente pois o mercado assim decidiu"? Claro que não!
Ora, é claro que o liberal corre para o colo do Estado pedindo ajuda com o argumento, que ele sempre desprezou, de que “Ningún país democrático digno acepta concentración de prensa” (http://bit.ly/1aBINn6). Uai, seu Vargas Llosa, mas o livre mercado não cuidava dessas coisas?
Vargas Llosa AGORA descobriu que se deixarmos a bagaça com o "livre mercado" (que de livre não tem nada, claro), formam-se um ou dois oligopólios que silenciam o resto. Ou seja, descobriu que mente há 30 anos!
A turminha do livre mercado é sempre a mesma: defendem a mão invisível até que os silenciados sejam eles, até que quem esteja em apuros sejam eles. Aí vêm todos com o mesmo "help, Titio Estado!" Não falha nunca. Nunca encontrei um contra-exemplo.
Autoria: Idelber Avelar, in Facebook, 14 jan. 2014
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